Maria Eva Duarte de Perón
1919
Em 7 de maio, nasce Maria Eva Ibarguren, na cidade de Los Toldos, Argentina, a quinta filha ilegítima de Juan Duarte (39) com Juana Ibarguren (24). Os irmãos mais velhos de Maria Eva são: Elisa (8), Blanca (6), Juan (4) e Erminda (2).
Em 1910, Juan deixou a mulher, Adela (33), e os três filhos na cidade de Chivilcoy e comprou uma fazenda em Los Toldos, onde iniciou um caso amoroso com Juana, que trabalhava como cozinheira na fazenda dele.
Na época, era comum que os homens tivessem uma amante, desde que não circulasse com ela nos locais frequentados pela esposa. Todo homem casado mantinha um apartamento pra levar as amantes. Havia ainda os chamados mobiliados, apartamentos que eram alugados por hora. O melhor que uma camponesa como Juana podia esperar da vida era se tornar amante de um homem que pudesse sustentá-la. Los Toldos é uma cidade pobre, a 250 km de Buenos Aires, sem nenhuma perspectiva de futuro pras mulheres.
1923
Morre Adela (37).
Com dificuldades financeiras e precisando mandar mais dinheiro pros filhos legítimos, Juan Duarte (43) vende a fazenda e aceita um emprego na Prefeitura de Quiroga, pra onde ele se muda com Juana (28), Elisa (12), Blanca (10), Juan (8), Erminda (6) e Maria Eva (4).
Erminda é colocada em um colégio interno.
1924
Como o emprego não oferece as oportunidades de crescimento que Juan (44) esperava, ele volta pra Los Toldos com Juana (29), Elisa (13), Blanca (11), Juan (9) e Maria Eva (5).
Juan Perón (29) começa a namorar Aurélia Tizon (15).
Nascido em Buenos Aires, Juan é filho do fazendeiro Mário Perón, descendente de espanhóis, e Juana Sosa, filha de nativos.
Aos 6 anos, ele se mudou com os pais e o irmão mais novo pra Patagônia, onde o pai comprou uma rancho pra criar ovelhas.
Aos 9 anos, foi mandando de volta pra Buenos Aires pra estudar em um colégio interno que era dirigido pela avó paterna dele.
Aos 15 anos, entrou pro Colégio Militar Nacional, onde se formou aos 18 anos. Foi nessa época que ele perdeu a virgindade, com prostitutas.
No Exército, Juan foi promovido a tenente aos 25 anos, após administrar um conflito trabalhista.
1926
Em 8 de janeiro, morre Juan Duarte (46) em um acidente de carro.
O corpo dele é levado pra Chivilcoy, pra ser velado pelos filhos legítimos (Adela já estava morta). Juana (31), Elisa (15), Blanca (13), Juan (11), Erminda (9) e Maria Eva (7) são expulsos do velório.
De volta a Los Toldos, Juana começa a trabalhar como cozinheira em casas de família e faz costuras pros vizinhos.
Elisa arranja emprego na agência dos Correios.
Maria Eva (7) e os irmãos crescem estigmatizados por serem filhos ilegítimos. A sociedade argentina vira o rosto pra crianças bastardas.
1927
Aurélia Tizon (18), namorada de Juan (32), se forma como professora e começa a dar aulas em uma escola primária.
1928
Blanca (15), irmã de Maria Eva (9), vai estudar em uma Escola Normal na cidade de Bragado.
Morre o fazendeiro Mário Perón, pai de Juan (33).
1929
Em 5 de janeiro, Juan Perón (33) se casa com Aurélia Tizón (20).
Ele se forma na Escola Superior de Guerra com a patente de capitão e começa a trabalhar no Quartel-General do Exército.
1930
Em março, Elisa (19) é transferida pra cidade de Junín, maior que Los Toldos.
Juana (35), Elisa, Juan (15) e Maria Eva (11) se mudam pra uma casa de um quarto só em Junín.
Blanca (17) se forma como professora, se muda pra Junín e começa a dar aulas na Escola do Sagrado Coração de Jesus.
Juan arranja emprego em uma farmácia.
Em 6 de setembro, o Presidente Hipólito Yrigoyen (78) é deposto por um golpe militar liderado pelo general José Uriburu (62), membro do Grupo dos Oficiais Unidos, uma sociedade militar que visa ao controle do governo argentino. Juan (34) havia sido recrutado pra colaborar no golpe, mas se recusou a tomar parte. Por causa disso, ele é transferido pra um quartel no noroeste da Argentina.
1931
Em 4 de fevereiro, nasce Maria Estela Martinez, na cidade de La Rioja, em uma família de classe média, filha de Carmelo Martinez e Maria Josefa Cartas.
Juntando os salários de Elisa (20) e Juan (16), Juana (36) consegue comprar uma casa com vários cômodos, que ela transforma em pensão. Pra aumentar a renda, Juana hospeda prostitutas e recebe uma porcentagem dos programas que elas fazem.
Juan (36) é promovido a major e começa a dar aulas de História Militar na Escola Superior de Guerra.
1932
Em 20 de fevereiro, morre o Presidente Uriburu (64).
O general Agustín Justo (56), amigo pessoal de Juan (36), assume a Presidência.
Erminda (15), irmã de Maria Eva (13), começa o Ensino Médio no Colégio Nacional.
O major Alfredo Arrieta (36), comandante do quartel da cidade, se casa com Elisa (21).
Erminda chega no casamento acompanhada pelo diretor do colégio, José Alvarez (35), e pelo irmão dele, Justo (33), que começa a namorar Blanca (19).
1933
Justo Alvarez (34) se casa com Blanca (20), irmã de Maria Eva (14).
Em 3 de julho, morre o ex-Presidente Hipólito Yrigoyen (81).
1934
O cantor Agustín Magaldi (36) se hospeda na pensão de Juana (36) depois de um show. Disposta a tudo pra se mudar pra Buenos Aires e fugir da pobreza, Maria Eva (15) seduz Agustín.
Mesmo sendo casado, Agustín leva Maria Eva pra Buenos Aires, onde ela quer começar a carreira de atriz. Ela sempre participou de todas as peças na escola. Mas o sonho dela é se tornar atriz de cinema.
Na década de 30, a moderna e elegante Buenos Aires, conhecida como a Paris da América, era a terceira maior cidade das Américas, atrás de Nova York e Chicago. Contrastando com o glamour do centro da cidade, a maioria dos desempregados recém-chegados do interior, fugindo da fome, moravam em pensões, cortiços ou em favelas.
Maria Eva tem que enfrentar as dificuldades de sobreviver na capital sem um diploma e sem conhecidos importantes, e sobrevive fazendo pequenos trabalhos como modelo e acompanhante em bares noturnos.
1935
Em 28 de março, Maria Eva, contratada pela Companhia Argentina de Comédias, estreia na peça "As Senhoritas Perez", com o nome artístico de Eva Duarte.
A vida de uma atriz iniciante nunca é fácil, e nessa época era ainda pior: as companhias de teatro não tinham um elenco fixo de atores, e na maioria das vezes eles se viam desempregados depois de uma temporada. Pra entrar nas peças, Eva se submete ao teste do sofá.
1936
Tornando-se amante de Rafael Firtuoso (39), dono do Teatro Liceu, Eva (17) é contratada pela companhia dele e faz uma turnê nacional. Ironicamente, o título da peça é "O Beijo Mortal", que aborda o tema da promiscuidade sexual. A turnê é patrocinada pela Liga Profilática Argentina, com o objetivo de reduzir o número de filhos ilegítimos.
Juan (41) vai trabalhar como adido militar da embaixada argentina no Chile.
1937
Após passar 2 anos saindo com jornalistas da revista "Sintonia" em troca deles escreverem boas críticas sobre ela, Eva (18) consegue um papel no cinema.
Em 4 de agosto, estreia o primeiro filme de Eva, "Segundos afuera". Durante as gravações, Eva teve um caso com o ator Pedro Quartucci (32).
1938
Em 20 de fevereiro, o civil Roberto Ortiz (52) substitui o general Agustín Justo (62) na Presidência.
Juan (42) retorna à Argentina e volta a dar aulas na Escola Superior de Guerra.
Em 8 de setembro, morre Agustín Magaldi (40).
Perder a ajuda financeira de Agustín não chega a ser um grande baque pra Eva (19), que já consegue se sustentar com o que ganha no teatro.
No dia 10, morre Aurélia (29), de câncer no útero.
1939
Juan (43) se inscreve em um projeto do Ministério da Guerra pra estudar a guerrilha de montanha nos Alpes italianos.
Após o curso, Juan faz um curso de especialização na Universidade de Turim.
Após concluir o semestre, Juan (44) viaja pela Itália, França, Alemanha, Hungria, Albânia, Iugoslávia e Espanha como observador militar do governo argentino. Estudando o fascismo, o nazismo e os regimes totalitários da Europa Oriental, ele publica um artigo defendendo a democracia social, em vez da democracia liberal, que ele chama de plutocracia (governo dos ricos). Ele classifica os regimes nacionalistas como opressores.
1940
Eva (21) participa do segundo filme, "La carga de los valientes".
Na Espanha, Juan (45) começa a namorar uma atriz italiana de 20 anos de idade.
1941
Em abril, após a invasão da Grécia por tropas nazistas, o empresário grego Aristóteles Onassis (35), que se mudou pra aos 15 anos, começa a arrecadar alimentos em todo o país pra enviar à Grécia. Em uma dessas campanhas, Eva e Aristóteles passam uma noite juntos.
Eva participa do terceiro filme, "El más infeliz del pueblo".
Antes de retornar à Argentina, Juan (46) descobre que a namorada está grávida. Mas, em vez de trazê-la pra Buenos Aires, ele se separa dela e nunca mais procurou saber da criança.
Na Argentina, Juan começa a namorar Maria (13), que ele leva pra morar no apartamento dele e a apresenta a todos como uma sobrinha dele que veio do interior.
Promovido a coronel, Juan passa a trabalhar como instrutor de esqui na academia do Exército na cidade de Mendoza.
Maria Estela Martinez (10) termina o Ensino Primário e decide não continuar os estudos.
1942
Eva (23) se torna amante de um executivo da empresa Unilever, fabricante do sabão em pó Zaz, que patrocina as radionovelas nos Estados Unidos (daí o nome soap opera = ópera-sabão), México, Brasil e Argentina. As novelas de rádio são o gênero artístico mais popular nesses países e, ao ser contratada pela rádio El Mundo, a maior do país, Eva finalmente alcança a estabilidade financeira. Com um salário equivalente a 3 mil reais por mês, ela compra um apartamento no bairro Recoleta, a região mais rica de Buenos Aires, e monta a própria companhia de teatro, que passa a ser administrada pelo irmão, Juan (27).
Em 26 de junho, o Presidente Roberto Ortiz (56), sofrendo um estágio avançado de diabete, renuncia ao cargo em favor do Vice-Presidente Ramón Castillo (69).
Em 15 de julho, morre o ex-Presidente Roberto Ortiz.
Em dezembro, Eva assina um contrato de 5 anos com a rádio Belgrano, pra participar da série "Grandes Mulheres da História".
1943
Em 11 de janeiro, morre o ex-Presidente Agustín Justo (67).
Eva (24) protagoniza o primeiro programa na rádio, interpretando a rainha Elizabeth I da Inglaterra.
Eva participa do quarto filme, "Una novia en apuros".
No último episódio da série no rádio, Eva interpreta a impetratriz Catarina II da Rússia. O sucesso da série a tornou uma das atriz mais bem pagas da Argentina.
Com a popularidade em alta, Eva ajuda a fundar o Sindicato dos Radialistas da Argentina.
Em 4 de junho, o Presidente Ramón Castillo (70) é deposto por um golpe militar liderado pelo general Arturo Rawson (58).
Juan (47) é nomeado secretário do Ministro da Guerra, o general Edelmiro Farrell (56).
No dia 6, o Grupo dos Oficiais Unidos obriga o Presidente Rawson a abdicar em favor do general Pedro Ramirez (59).
O Presidente Ramirez nomeia Juan Secretário do Trabalho, um cargo menor dentro do governo.
Recusando-se a permanecer à sombra do governo, Juan começa a se aliar aos movimentos sindicalistas dos socialistas, ganhando assim o poder e a influência que não recebe do governo militar. Ao aprovar leis trabalhistas que vêm sendo pedidas há décadas, Juan reforça a posição dele diante dos sindicatos, dando um destaque maior à Secretaria do Trabalho dentro do cenário político.
Em novembro, o Presidente Ramirez dá à Secretaria do Trabalho o status de Ministério.
1944
Em 15 de janeiro, um terremoto destrói a cidade de San Juan, matando 6 mil pessoas.
Juan (49) cria uma fundação pra arrecadar dinheiro pras vítimas do terremoto e promove um festival artístico, convidando os mais famosos atores e cantores pra participarem.
No dia 20, o Presidente Ramirez nomeia Juan Vice-Presidente.
No dia 22, todos os participantes da campanha se reúnem em um baile de gala no estádio Luna Park. É a primeira vez que Juan e Eva se encontram. Eles vão embora juntos, às 2 horas da manhã.
Em fevereiro, Eva se muda pro apartamento de Juan e se encarrega de expulsar Maria (16), jogando as coisas dela dentro de um caminhão alugado e mandando ela embora.
No dia 23, o Presidente Pedro Ramirez (60) é deposto por um golpe militar liderado pelo general Edelmiro Farrell (57).
O Presidente Farrell nomeia Juan Ministro da Guerra, cargo que ele acumula com o de Ministro do Trabalho.
A Argentina corta relações diplomáticas com os países do Eixo: Alemanha, Itália e Japão.
Em 6 de maio, graças à influência de Juan, Eva é eleita presidente do sindicato dos radialistas.
Em 9 de julho, no baile de gala na Casa de Ópera de Colón, pra comemorar a Independência, Juan apresenta Eva (25) oficialmente como namorada dele, causando um escândalo social: os políticos usavam as artistas apenas pro sexo, eles não se apaixonavam por elas. Além disso, a Igreja Católica proíbe que um casal more junto sem ser casado.
Eva começa a participar das reuniões políticas de Juan, se sentando na mesa ao lado dele. Ela permanece calada o tempo todo, mas absorve tudo que é dito. Os políticos a vêem a permanência dela como sem consequência e sem importância. O que poderia ser um suicídio político faz a popularidade do casal disparar.
Usando de autoridade política em vez de fuzilar os grevistas como se costumava fazer, Juan passa a garantir o direito dos trabalhadores de formar sindicatos, plantando as sementes pra uma eventual candidatura à Presidência.
Em maio, Juan anuncia que todos os artistas devem se unir em um único sindicato, que vai ser o único permitido no país a partir de agora, e coloca Eva (25) como presidente desse sindicato.
Em junho, Eva estreia um programa diário na rádio Belgrano, chamado "Em busca de um futuro melhor", que usa esquetes pra divulgar os feitos políticos de Juan. O cidadão comum vê em Eva uma representante deles, e os ouvintes acreditam naquilo que ela prega sobre Juan. Apolítica até então, Eva passa a usar a política como uma vingança contra a oligarquia (a classe dominante). Usando a linguagem do povo, ela atrai a classe trabalhadora e consegue fazer as pessoas acreditarem no que ela quer sobre Juan.
Em 12 de outubro, morre o ex-Presidente Ramón Castillo (71).
1945
Em março, a Argentina declara guerra à Alemanha.
Eva (26) protagoniza o primeiro filme, "La pródiga", o quinto da carreira dela.
Eva participa do sexto e último filme dela, "La cabalgata del circo", onde interpreta a vilã, antagonista da personagem de Libertad Lamarque (37). Durante as gravações, Eva e Libertad discutiam constantemente. Em uma dessas brigas, Libertad deu um tapa no rosto de Eva e a chamou de "vadia sem talento". Eva jurou que Libertad pagaria por isso.
Em 18 de setembro, Juan (49) faz um discurso atacando os políticos conservadores, declarando que as reformas sociais promovidas por ele fizeram os trabalhadores sentirem orgulho de ser argentinos.
Essa popularidade crescente de Juan faz com que ele colecione rivais políticos.
Em 9 de outubro, o Grupo dos Oficiais Unidos ordena a prisão de Juan (50), por considerarem que ele é a figura política mais importante do país, mais até do que o próprio Presidente Farrell (58).
No dia 15, 350 mil pessoas se reúnem em frente à Casa Rosada pra exigir a libertação de Juan. Às 11 horas da noite, Eva aparece na sacada e faz o primeiro discurso oficial dela. Ela retrata Juan como um líder popular, comparando-o aos Presidentes Juan Manuel Rosas (1793-1877) e Hipólito Irigoyen (1852-1933). Os seguidores de Juan passam a ser chamados de descamisados, pois os trabalhadores braçais tiram a camisa por causa do suor.
No dia 17, forçados pelo apelo popular, o Grupo dos Oficiais Unidos liberta Juan. Até hoje o dia 17 de outubro é comemorado pelo Partido Peronista como o Dia da Lealdade.
No dia 18, apoiado pelo Presidente Farrell, Juan anuncia a candidatura dele à Presidência.
No dia 21, Juan e Eva se casam no civil.
Eva usa o programa dela, agora semanal, como instrumento da campanha presidencial de Juan, fazendo discursos cheios de retóricas populistas, conclamando os descamisados a se juntarem ao movimento peronista. Ela ressalta a origem humilde dela, mostrando solidariedade em relação às classes menos favorecidas.
Pra apagar o passado de Eva, Juan manda recolher e destruir todas as revistas pornográficas pras quais ela posou.
Juan e Eva visitam todas as cidades do país, e ela se torna a primeira mulher da História a acompanhar o marido em uma campanha política. O destaque que Juan dá à Eva ofende a aristocracia, os políticos e os militares, mas aumenta a popularidade dele com o público em geral, por ela ser uma atriz famosa. É durante a campanha que Eva encoraja o povo a chamá-la de Evita (Evinha), um apelido pra demonstrar a afeição que eles sentem por ela.
Em 9 de dezembro, Juan e Eva se casam no religioso. Ela tirou uma certidão de nascimento com o nome de Eva Maria Duarte (o sobrenome do pai, como se ela fosse filha legítima).
1946
Em janeiro, Eva (27) se torna sócia da rádio Belgrano.
Em 24 de fevereiro, Juan vence as eleições com 52% dos votos.
Em março, após 1 ano sem conseguir um papel por causa da perseguição de Eva, Libertad Lamarque (38) se muda pro México, onde ela é chamada de "Queridinha da América Latina". Os mexicanos são os maiores fãs dela fora da Argentina, não só como atriz mas também como cantora.
Em 3 de junho, Juan toma posse como Presidente.
Eva (27) é a única Primeira Dama do mundo a aparecer no quadro oficial da posse do marido.
Juan Duarte (31), irmão de Eva (27), se torna secretário particular de Juan e os cunhados, Alfredo Arrieta (50) e Justo Alvarez (47) são nomeados pra cargos dentro da Casa Rosada.
As duas metas presidenciais de Juan são: independência econômica e justiça social. Evitando tomar parte na Guerra Fria, ou seja, escolher entre o capitalismo e o socialismo, Juan instruiu o Ministro da Fazenda a desenvolver um plano de 5 anos pra aumentar o salário dos trabalhadores, fazer o nível de desemprego chegar a 0, estimular o crescimento industrial e criar uma infraestrutura social tanto no setor público quanto no privado.
Os outros Ministérios que recebem a atenção de Juan são o dos Transportes, o das Comunicações e o das Minas e Energias. E cria o Ministério da Saúde.
A Confederação Geral dos Trabalhadores, a maior responsável pela eleição de Juan, ganha um enorme poder por parte do governo, que cria a Justiça Trabalhista, além de ter vários sindicalistas trabalhando no gabinete da Presidência. O número de trabalhadores sindicalizados quadruplica, chegando a 2 milhões (40% dos trabalhadores do país), fazendo da Argentina o país mais sindicalizado da América Latina.
A redução das importações e o aumento das exportações leva o país a um superávit de 2 bilhões de dólares.
Juan nacionaliza o Banco Central, pagando a dívida que a Argentina tinha com a Inglaterra; nacionaliza as estradas de ferro, pagando às empresas britânica e francesa; nacionaliza as universidades e os transportes públicos e o porto de Buenos Aires.
Juan também moderniza as Forças Armadas, principalmente a Aeronáutica.
Com Eva cada vez mais dedicada ao trabalho, Juan volta o interesse dele pra União dos Estudantes Secundaristas. Mantendo um diretório em cada escola de Ensino Médio do país, a UES passa a recrutar garotas de 14 a 17 anos pra serem enviadas aos centros esportivos, onde elas fazem companhia pra Juan e os funcionários do alto escalão do governo. Em cada centro esportivo há um médico de plantão pra cuidar das doenças venéreas e interromper as gravidezes. Toda tarde Juan passa em um centro desses e escolhe uma garota. As preferidas dele são as jogadoras de basquete e as nadadoras.
1947
Em 24 de fevereiro, Juan (51) assina a Lei dos Direitos Trabalhistas, criando o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) (o primeiro serviço de seguridade social da Argentina) e garantindo o acesso aos hospitais públicos.
Em março, Eva compra o jornal "Democracia", que passa a ser usado pra exaltar a imagem de Juan. Só nesse primeiro ano do governo de Juan, Eva usou 306 vestidos diferentes. Quando mais ela aparecia em público, mais ela se preocupava com os vestidos, pois ela sempre queria parecer glamourosa diante do povo. Isso significa chapéus, jóias e casacos de pele. Na Quinta de Olivos, a residência oficial do Presidente, Eva tem um quarto só pra guardar as roupas dela, um pros chapéus e casacos de pele, e mais um pros perfumes e jóias. A coleção de jóias de Eva é a maior da América Latina, e a oposição começa a chamá-la de Cleópatra. A resposta dela foi a seguinte: "Os pobres gostam de me ver bonita. Eles não querer ser protegidos por uma mulher vestida com roupas vagabundas. Eu simbolizo o sonho deles. Não posso desapontá-los."
Em junho, Juan recebe um convite oficial do ditador Francisco Franco (55) pra visitar a Espanha. Por motivos políticos, Juan não pode aceitar o convite: a Argentina tinha acabado de sair da chamada Quarentena de Guerra (período de avaliação exigido pela ONU pros países que colaboraram com o Nazismo e com outros governos totalitários) e sido aceita na Organização das Nações Unidas, e estava melhorando as relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos. E a Espanha está sofrendo um embargo da ONU. Eva (28) diz que se Juan não for à Espanha, ela vai sozinha. Então o Ministro das Relações Exteriores consegue agendar visitas a outros países, pra não parecer que Eva é simpatizante do governo fascista espanhol.
A viagem de Eva fica conhecida como a Turnê do Arco-Íris (apelido dado a ela por Juan, que dizia que ela encheu a vida dele de cores), e ela parte como Embaixadora da Boa Vontade da Argentina em relação à Europa. É a primeira vez que uma Primeira Dama argentina representa o marido em eventos políticos. Dois aviões partem pra Europa: um pra Eva e a equipe dela, e outro pras roupas dela.
No dia 17, Eva é recebida na Espanha por Francisco Franco. Durante todo o tempo em que esteve no país, Eva dava uma nota de 100 pesetas (equivalente a 2 reais) pra cada criança pobre que ela encontrava na rua. Antes de partir, Eva recebe a maior condecoração espanhola, a cruz da Ordem da Rainha Isabel de Castela.
Em 2 de julho, Eva é recebida no Vaticano pelo Papa Pio XII (71). A recepção italiana não é tão calorosa quanto na Espanha. Eva esperava receber uma Rosa de Ouro, a mais alta condecoração dada às mulheres pelo Vaticano. Mas ela recebeu apenas um rosário.
Durante o almoço em Roma, Eva reencontra Aristóteles Onassis (41), depois de 6 anos. Eles saem juntos do evento, e Eva passa a noite na mansão de Aristóteles na Riviera Italiana. Na manhã seguinte, ele dá a ela um cheque de 10 mil dólares e diz que essa foi a transa mais cara que ele já teve.
No dia 3, Eva é bem recebida na França pelo Presidente Vincent Auriol (63).
Eva recebe a notícia de que o rei Jorge VI (52) do Reino Unido não vai recebê-la quando ela chegar à Inglaterra e que a permanência dela no país não vai ser tratada como visita de Estado. Sentindo-se esnobada pela família real, Eva cancela a viagem a Londres. Oficialmente, o motivo dado pelo governo argentino é que Eva está exausta com a turnê.
No dia 10, Eva é recebida na Suíça pelo Presidente Karl Kobelt (56). Durante um passeio de carro, um manifestante jogou pedras no lado em que Eva estava, mas, apesar do vidro ter se quebrado, ela não saiu ferida. No dia seguinte, em um evento com o Ministro das Relações Exteriores, jogaram tomates nela. Acusada pela imprensa internacional de ter ido à Suíça pra depositar dinheiro desviado do governo argentino, Eva decide retornar à Argentina.
Durante a turnê, Eva foi acompanhada por um jornalista da revista "Time". Em 14 de julho, matéria de capa recebe o título de: "Eva Perón - entre dois mundos." É a primeira vez que uma Primeira Dama da América Latina aparece na capa da revista. É também a primeira vez que alguém publica que Eva é filha ilegítima. Em retaliação, Juan proíbe a circulação da revista na Argentina.
Em 9 de setembro, o Congresso aprova a Lei do Sufrágio Universal, garantindo a igualdade de direitos civis entre homens e mulheres, que a partir de agora já podem votar. Nos programas de rádio, Eva sempre apoiou o voto feminino e também publicou vários artigos sobre isso no "Democracia", onde pedia ao Partido Peronista que apoiasse essa ideia. A lei, aprovada no Senado em agosto de 1946, foi proposta pelo senador Eduardo Colón, um amigo pessoal de Eva. Mas foi necessário mais de um ano até que os deputados apoiassem o projeto dela.
No dia 10, Juan sanciona a lei em uma cerimônia pública e entrega o papel nas mãos de Eva, simbolizando que a lei é dela.
Eva cria o Partido Peronista Feminino, o primeiro partido político do mundo dedicado exclusivamente às mulheres, do qual ela é a presidente.
1948
Em 8 de julho, Eva (29) inaugura a Fundação Eva de Perón e faz a primeira doação, o equivalente a 5 mil reais. A Sociedade de Beneficência, um grupo formado por 87 damas da sociedade argentina, era a única organização que realizava obras de caridade no país, cuidando de crianças órfãs, idosos e de mulheres que não têm onde morar. A associação era mantida através de doações dos maridos das senhoras que fazem parte dela. Segundo a tradição, a Primeira Dama se tornava a presidente da associação, mas Eva foi rejeitada pelas damas da sociedade por causa da origem dela, por não ter cultura e por ter sido atriz. Considerada um mau exemplo, Eva nunca foi empossada como presidente da associação. Em retaliação, ela cortou a verba que a associação recebia da Presidência da República e usou esse dinheiro pra criar a fundação dela.
Além da verba da Presidência (1% do PIB, o equivalente a 100 milhões de reais por ano) e das doações de políticos e empresários, a Confederação Geral do Trabalho passa a doar todo ano o equivalente a 3 dias do salário de cada trabalhador registrado no país. Uma parte do dinheiro arrecadado com as loterias e com os ingressos de cinema também vão pra fundação, assim como uma taxa criada pros cassinos e pras corridas de cavalos.
Todos os dias, Eva recebe os pobres no escritório dela, um gabinete na Casa Rosada, e sempre se despede de todos com um beijo no rosto, não importando se estão sujos ou doentes. Na prática, Eva se torna uma espécie de Ministra da Assistência Social, embora não tenha sido nomeada pra esse cargo.
1949
Em fevereiro, Maria Estela Martinez (18) começa a trabalhar como dançarina em uma boate, e adota o nome artístico de Isabel, uma homenagem à santa de devoção dela.
Em maio, a Argentina é o primeiro país da América Latina a reconhecer a independência de Israel, e Juan (53) envia um embaixador argentino a Jerusalém.
Juan inaugura o Aeroporto Internacional Ministro Pistarini, em Buenos Aires, então o maior aeroporto do mundo.
A Argentina restabelece as relações diplomáticas da Argentina com a União Soviética, que tinham sido rompidas após a Revolução Bolchevique de 1918.
Com isso, o Presidente dos Estados Unidos, Harry Truman (65) estabelece um embargo comercial à Argentina. Isso gera uma crise financeira, pois o país não consegue mais exportar tanto quanto antes, acabando com os planos de Juan de transformar a Argentina em uma potência industrial. Seguindo a orientação dos Estados Unidos, os países da Europa deixam de comprar da Argentina e passam a comprar do Canadá.
1950
Em julho, pra melhorar a imagem da Argentina em relação aos Estados Unidos, Juan oferece ao Presidente Harry Truman (66) o possível envio de tropas militares durante a Guerra da Coréia.
Em setembro, Juan promulga a nova Constituição, garantindo todos os direitos trabalhistas e instituindo a reeleição pra Presidente da República.
Eva (31) desmaia durante um evento público. Diagnosticada com câncer no colo do útero. Ela se recusa a acreditar e trata o caso como uma simples anemia, se recusando a voltar ao médico. Por outro lado, ela começa a trabalhar em dobro, como se soubesse que o tempo dela está acabando.
1951
De 25 de fevereiro a 9 de março, acontecem os Jogos Pan Americanos de Buenos Aires.
Isabel Martinez (20) se muda pro Panamá, onde pode lucrar mais com os estrangeiros que atravessam o canal.
Em 9 de maio, a Ministra do Trabalho de Israel, Golda Meir (53), é recebida em Buenos Aires pra agradecer pessoalmente à Evita pela ajuda financeira que a Fundação Eva de Perón tem fornecido à comunidade judaica na Argentina. Juan foi o primeiro Presidente da Argentina a permitir que judeus ocupassem cargos públicos.
No dia 21, Juan e Eva aparecem na capa da revista "Time", com a matéria "A Argentina de Perón - sem fanatismo não se consegue nada".
Em apenas 3 anos, a Fundação Eva de Perón conta com um patrimônio equivalente a 400 milhões de reais. São 14 mil funcionários, dos quais 6 mil são pedreiros (a fundação constrói hospitais e casas populares, que são sorteadas), e 26 padres. Anualmente, são distribuídos 400 mil pares de sapatos, 500 mil máquinas de costura, e 200 mil kits de panelas. A fundação também sorteia bolsas escolares. Graças aos 4.200 hospitais públicos construídos, pela fundação, pela primeira vez na História da Argentina o povo não estava mais desamparado pelo governo. Também foram construídas 8 mil escolas de Ensino Fundamental e mil Jardins de Infância, centenas de escolas técnicas e cursos pra formação de professoras e enfermeiras. Eva também conseguiu que os filhos nascidos fora do casamento (como ela) sejam registrados como filhos naturais, em vez de ilegítimos. A Cidade Evita, o conjunto habitacional construído pela fundação, existe até hoje.
"Não é filantropia, não é caridade, não é nem mesmo bem estar social. Pra mim, é justiça pura. Eu não faço nada além de devolver aos pobres o que é devido a eles, o que foi retirado deles injustamente." (Eva de Perón)Tudo isso fez com que a população criasse uma imagem idealizada de Eva, passando a cultuá-la como uma verdadeira santa em vida, tornando-a uma figura muito maior do que a Primeira Dama. Com o tempo, ela se tornou uma fanática religiosa: acreditando estar em uma cruzada contra a pobreza e a desigualdade social, ela acabou criando uma seita religiosa: o Partido Peronista Feminino conta com 500 mil membros em todo o país. Outra obra da fundação é a República das Crianças, um parque temático inspirando nas estórias infantis.
Em junho, quando finalmente decide procurar um médico, Eva descobre que o câncer está em um estágio avançado e ela tem que se submeter a uma histerectomia (retirada do útero).
Em 22 de agosto, 2 milhões de pessoas se reúnem na Avenida Nove de Julho pra apoiar a candidatura de Juan à reeleição, tendo Eva como Vice-Presidente. Essa é a maior manifestação popular de apoio político a uma mulher em toda a História. No discurso, Eva diz que anunciar a candidatura dela no próximo programa na rádio Nacional.
Isso gera a oposição dos militares e da aristocracia, devido à possibilidade de Eva se tornar Presidente caso Juan morra durante o mandato.
No dia 28, os militares ameaçam depor Juan se Eva se candidatar.
No dia 31, em um discurso transmitido pra todo o país pelo rádio, Eva renuncia à candidatura: "É minha decisão irrevogável recusar a honra que os trabalhadores e o povo do meu país quiseram conferir a mim. Eu passei os melhores anos da minha vida ao lado do general Perón, meu mestre. E não tenho outro objetivo maior na vida a não ser servir a ele e ao povo da Argentina. Eu não estou renunciando ao meu trabalho, somente às honrarias. Eu continuarei como uma humilde colaboradora do general Perón. Eu só quero que a História diga de mim que havia uma mulher ao lado do general Perón. Uma mulher que levou até ele as esperanças e as necessidades do povo. E o nome dela era Evita. Eu quero que todos os trabalhadores do meu país deem essa resposta quando as pessoas medíocres e ressentidas deste país,, que nunca me entenderam e nunca me entenderão, falaram que tudo que eu fiz foi por ganho pessoal."
Em setembro, Eva descobre que o câncer dela deu metástase (formação de outros tumores, em outro lugar, a partir das células cancerígenas do tumor original), e se torna a primeira pessoa na Argentina a se submeter à quimioterapia, um tratamento considerado novo na época. Mesmo assim, o estado de saúde dela só piora, devido às constantes hemorragias vaginais. Nos bairros de classe alta, os moradores pintam nas paredes a frase "Viva o Câncer".
As comemorações do 17 de Outubro são todas dedicadas à Eva.
"Meus queridos descamisados, eu não valho pelo que fiz, eu não valho pelo que sou nem pelo que tenho. Eu tenho uma só coisa que vale, a tenho em meu coração, me queima na alma, me dói na carne e arde nos meus nervos. É o amor desse povo. Se esse povo me pedisse a vida, eu a daria cantando, porque a felicidade de um só descamisado vale mais que a minha vida. Meus descamisados, eu os agradeço por tudo que vocês pediram pra minha saúde. Espero que Deus ouça aos humildes da minha pátria pra eu voltar logo à luta. Eu sei que Deus está conosco, porque está com os humildes e despreza a soberba da oligarquia. E por isso a vitória será nossa. Temos que alcançá-la mais cedo ou mais tarde, custe o que custar e caia quem cair. E peço uma só coisa: estou certa de que logo estarei com vocês, mas se não chegar a estar por causa da minha saúde, ajudem a Perón, sigam fiéis como foram até agora com Perón. Eu não quis nem quero nada pra mim. Minha glória é, e sempre será, o escudo de Perón e a bandeira do meu povo. E mesmo que deixe pelo caminho os pedaços da minha vida, eu sei que vocês recorrerão ao meu nome e o levarão como bandeira até a vitória."
Em 11 de novembro, dia das eleições, é a primeira vez na História argentina que as mulheres votam. Essa também é a primeira eleição transmitida pela televisão. Eva está tão fraca que nem que consegui levantar da cama pra votar; a urna foi levada até ela.
Juan (56) é reeleito com 63% dos votos.
1952
Em 1 de maio, Eva faz o último discurso dela.
No dia 7, como presente de aniversário, Juan concede à Eva (33) o título de Líder Espiritual da Nação.
Juan permite que seja feita uma lobotomia (cirurgia no cérebro) pra tentar aliviar as dores que ela vem sentindo e também diminuir a agitação e ansiedade. Apesar do tratamento, Eva vêm definhando aos poucos e está pesando apenas 36 kg.
Em 4 de junho, no dia da posse, durante o desfile em carro aberto pra comemorar a reeleição, pra Eva aparecer de pé, ela é amarrada no carro: por baixo do casaco de pele há uma armação de gesso com arames que a sustentam. Antes de sair de casa, ela tomou três doses de morfina, e mais duas ao voltar.
Essa é a última vez que ela aparece em público.
Em 26 de julho, morre Eva, às 8 e 25 da noite, na Casa Rosada.
Assim que a notícia é transmitida pelo rádio, toda as atividades na Argentina são imediatamente interrompidas: os cinemas param de exibir os filmes, os restaurantes fecham as portas e até as rádios saem do ar.
Juan declara luto oficial de 2 dias e bandeiras a meio mastro por 10 dias.
Durante 10 meses, o povo acompanhou o martírio dela, aumentando a devoção popular a ela. A aglomeração de pessoas causa o bloqueio de 10 quarteirões em volta da Casa Rosada. Então Juan percebe que as medidas que ele tomou não correspondem às expectativas do povo e, tentando herdar a simpatia que todos devotavam a ela, ele providencia um funeral de Chefe de Estado (apesar dela nunca ter ocupado um cargo político) e um réquiem (missa funeral), e anuncia a construção de um memorial em honra à Evita.
Em 3 de agosto, na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Verão de Helsinki, na Finlândia, a delegação argentina presta uma homenagem à Evita.
No dia 9, o corpo embalsamado de Evita é levado até o prédio do Ministério do Trabalho pra mais um dia de visitação pública.
No dia 10, depois da missa, o caixão é fechado e colocado em cima de uma carruagem fúnebre. No cortejo fúnebre estão Juan, os Ministros, os familiares e amigos de Eva, os delegados do Partido Peronista Feminino e representantes das obras assistenciais (trabalhadores, enfermeiras e estudantes). Pelas ruas onde passam, as pessoas jogam pétalas de flores pelas janelas das casas. Oito pessoas morrem pisoteadas e 200 mil ficam feridas. Não sobrou nenhuma flor nas floriculturas de Buenos Aires. Todos os dias as rádios dedicavam 5 minutos pra prantear Evita antes de começarem a programação normal. A comoção popular pela morte dela só foi superada em 1997, no funeral de Diana Spencer, Princesa de Gales.
Em setembro, é lançada a autobiografia de Evita: "A razão da minha vida".
Em 8 de outubro, morre o ex-Presidente Arturo Rawson (67).
1953
Em janeiro, Juan (57) leva a estudante Nélida Rivas (13), que ele escolheu em um dos centros esportivos, pra morar com ele na Quinta de Olivos. Ao ser questionado por um repórter sobre a idade dela, Juan responde que não é supersticioso. Ao desfilar com Nélida em público, Juan não só ofende a Igreja Católica como também perde o apoio dos seguidores de Evita.
Em 15 de abril, um grupo terrorista detona duas bombas na Praça de Maio, matando 7 pessoas e deixando 95 feridos. Em meio ao caos, Juan incita a população a retaliar. Como consequência, o quartel-general do Partido Socialista e o Jockey Clube são queimados e ficam completamente destruídos.
1954
Juan (59) realiza duas reformas que aumentam ainda mais o descontentamento dos conservadores: legaliza o divórcio e regulamenta a profissão de prostituta. A Igreja Católica, cuja influência no governo diminuiu consideravelmente durante o período de Evita, agora se coloca abertamente contra Juan, chamando-o de "tirano herege".
1955
Em 15 de junho, Juan é excomungado pelo Papa Pio XII (79).
No dia 16, durante um discurso de Juan na Praça de Maio, um caça da Marinha sobrevoa a praça e lança bombas na multidão, causando a morte de 364 pessoas. Logo depois, o piloto pousa no Uruguai e pede asilo político. Esse é o único ataque aéreo na História da Argentina.
Em represália, os peronistas começam a saquear as igrejas, incluindo a Catedral de Buenos Aires.
Em 16 de setembro, um grupo de militares católicos do Exército e da Marinha, liderados pelo general Eduardo Lonardi (69), dão início à Revolução Libertadora.
No dia 22, Juan é deposto, e o general Lonardi se torna o novo Presidente.
Juan consegue escapar com vida, mas deixa Nélida (14) pra trás. Fugindo de barco pro Paraguai, ele pede asilo ao Presidente Alfredo Stroessner (43).
Juan sempre foi intolerante em relação à oposição, Mas, em vez de usar violência, ele privava o acesso dos ativistas à mídia, fechando editoras, jornais e rádios, e demitindo professores universitários. Durante o governo dele, mais de 110 jornais e editoras foram fechados. Sentindo-se mais ameaçado pela classe artística do que pelos políticos, Juan exilou vários autores, músicos e atores.
Durante o governo dele, a Argentina se tornou o paraíso dos nazistas, que vinham fugindo dos crimes de guerra e contavam com a proteção explícita dele, sendo até recebidos na Casa Rosada. Um esquema foi criado no Serviço de Imigração com a ajuda do Ministério das Relações Exteriores, que dava aos nazistas uma nomeação de enviados especias do governo argentino, uma espécie de salvo-conduto que permitia que eles pegassem um avião pra Buenos Aires. Ao todo, 22 mil nazistas foram acolhidos na Argentina, trazendo ouro e obras de artes espoliadas dos países invadidos. Todo o dinheiro e jóias eram depositados nos bancos argentinos. Os alemães formam a terceira maior colônia na Argentina, atrás dos espanhóis e dos italianos.
Apesar disso, a Argentina foi o país da América Latina que mais permitiu a entrada de judeus fugidos do nazismo. O próprio Juan vivia cercado de judeus, como o conselheiro pessoal dele, o Ministro da Imprensa e o presidente da Câmara de Comércio. Juan também criou o Instituto Nova Sião, uma instituição destinada a divulgar a cultura e a história dos israelitas. Além disso, ele nomeou o rabino Amran Blum, professor de Filosofia, pra ser o primeiro professor judeu da Universidade de Buenos Aires. Ele também permitia que os judeus comemorassem os feriados deles, apesar da oposição da Igreja Católica. Atualmente, a comunidade judaica na Argentina é a terceira maior das Américas e a sexta maior do mundo. Os próprios historiadores judeus concordam que Perón só permitiu a entrada de nazistas no país porque pretendia adquirir a tecnologia deles pra promover o desenvolvimento da Argentina.
A família de Evita foge pra Venezuela.
A mando do Presidente Lonardi, várias tentativas de sequestro e assassinato são feitas contra Juan, mas ele consegue escapar de todas elas.
Do Paraguai, Juan estabelece na Venezuela, onde é recebido pelo Presidente Marcos Perez (41).
Em 12 de novembro, o Presidente Lonardi é deposto por um golpe militar liderado pelo general Pedro Aramburu (52).
O Peronismo é declarado ilegal no país: além de não poderem possuir fotos de Juan (60) e Evita em casa, as pessoas estão proibidas até de falar os nomes deles.
Os 20 projetos em andamento da Fundação Eva de Perón são suspensos, e a fundação é vendida pelo equivalente a 600 milhões de reais.
O Presidente Aramburu retira o corpo de Evita do prédio do Ministério do Trabalho e delega ao coronel Carlos Koeing (43) a missão de sepultá-la em um local secreto, pra evitar que vire um local de adoração dos argentinos. Mas, em vez de cumprir a missão o coronel deixa o corpo no escritório dele. Logo, todos começam a comentar que o coronel pratica necrofilia com Evita.
Em dezembro, o Presidente Aramburu retira o corpo de Evita da tutela do coronel Carlos Koeing e o traslada pra Milão, na Itália, onde ela é sepultada com o nome de Maria Maggi. Oficialmente, o governo declara que o corpo foi cremado.
1956
Em 22 de março, morre o ex-Presidente Eduardo Lonardi (70).
Libertad Lamarque (48) retorna à Argentina depois de 10 anos do ostracismo imposto por Evita e é novamente aclamada pelo povo, que não perdeu a admiração, o respeito e o carinho por ela.
1958
Em 23 de janeiro, após a queda do Presidente Perez (46), Juan (62) se muda pro Panamá, onde é recebido pelo Presidente Ernesto de la Guardia (54).
Em fevereiro, Juan começa a namorar Isabel Martinez (27).
Em 1 de maio, o civil Arturo Frondizi (50) substitui o general Pedro Aramburu (55) na Presidência.
1960
Em outubro, Juan (65) e Isabel (29) se mudam pra Espanha, sendo recebidos pelo Presidente Franco (68).
1961
Em 15 de novembro, devido aos vários protestos da Igreja Católica espanhola, por ele estar morando com a namorada, Juan (66) se casa com Isabel (30).
1962
Em 18 de março, o Presidente Arturo Frondizi (54) suspende a cassação do Partido Peronista.
No dia 29, o Presidente Frondizi é deposto por um golpe militar, e o senador José Guido (52) assume a Presidência.
Em 12 de maio, morre o ex-Presidente Pedro Ramirez (78).
1963
Em julho, o Papa Paulo VI (66) retira a excomunhão de Juan (67).
Em 12 de outubro o civil Arturo Illia (63) substitui José Guido (53) na Presidência.
1964
Em dezembro, Juan (69) tenta retornar secretamente à Argentina, mas o plano dele é descoberto.
1965
Em fevereiro, Isabel (34) vai à Argentina representando Juan (70), e se encontra com políticos dissidentes.
1966
Em 28 de junho, o Presidente Arturo Illia (66) é deposto por um golpe militar liderado pelo general Juan Onganía (52).
1970
Em 29 de maio, o ex-Presidente Pedro Aramburu (67) é raptado por militantes da Juventude Peronista, que exigem que ele diga o que realmente fez com o cadáver de Evita: 15 anos atrás, as pessoas acreditaram na versão da cremação, mas essa nova geração desconfiava de conspiração.
Em 1 de junho, como Aramburu se recusa a revelar o paradeiro do corpo, ele é executado a tiros pelos sequestradores.
No dia 8, o Presidente Juan Onganía (56) é deposto por um golpe militar liderado pelo general Roberto Levingston (50).
1971
Em 21 de março, o Presidente Roberto Levingston (51) é deposto por um golpe militar liderado pelo general Alejandro Lanusse (53).
Como parte das negociações com os guerrilheiros peronistas, o Presidente Levingston revela onde está o corpo de Evita.
Juan (75) consegue que o corpo dela seja exumado e trasladado pra Espanha, onde ele e Isabel (40) o mantêm na sala de jantar, ao lado da mesa.
José Lopez (55), o guru de Isabel, realiza rituais de feitiçaria tentando transferir a alma de Evita pro corpo de Isabel.
1972
Em 24 de outubro, vai ao ar na BBC de Londres o documentário "Rainha no Coração do Povo", sobre Evita. Após assistir a esse documentário, o compositor Andrew Lloyd Webber (24) começa a produzir um musical sobre ela.
1973
Em 25 de maio, o civil Hector Cámpora (64), apoiado por Juan (77), substitui Roberto Levingston (53) na Presidência.
O Presidente Cámpora concede anistia a todos os prisioneiros políticos e exilados argentinos (o que inclui Juan) e restabelece as relações diplomáticas com Cuba, ajudando Fidel Castro (47) a enfrentar o embargo imposto pelos Estados Unidos.
Em 20 de junho, Juan retorna à Argentina depois de 18 anos no exílio, acompanhado de Isabel (42). O avião dele tem que pousar em um aeroporto militar por causa da multidão de 3 milhões e meio de peronistas que se aglomeram no Aeroporto de Buenos Aires. Os tumultos que se seguem deixam 13 mortos e mais de 300 pessoas feridas.
A família de Evita retorna à Argentina.
Em 13 de julho, o Presidente Cámpora renuncia à Presidência, abrindo caminho pra uma nova eleição de Juan. Como prêmio, ele é nomeado embaixador da Argentina no México.
O Presidente da Câmara dos Deputados, Raul Lastiri (58), assume a Presidência.
Com a Argentina mergulhada na instabilidade política, Juan é apontado como a única esperança do país reviver os tempos de prosperidade e segurança social.
Em 12 de outubro, Juan (78) é eleito com 62% dos votos, tendo Isabel como Vice-Presidente, o mesmo cargo que foi negado à Evita.
Ao contrário de Evita, Isabel tem pouca experiência com o público e nenhuma ambição política. Nem o apelido de Isabelita, como Juan passa a chamá-la em público pra tentar fazer com que ela herde o amor que o povo dedicava à Evita, ajuda a melhorar o desempenho dela. Mesmo se vestindo como Evita, Isabel é tratada como uma imitação barata.
Na área econômica, a Argentina tem o dobro do déficit que tinha em 1955, com poucos investimentos estrangeiros e uma inflação de 80% ao ano. Tomando a economia como prioridade, Juan cria o Pacto Social, encontrando um meio termo entre a manutenção do governo e as necessidades dos trabalhadores.
Após o pacto ser posto em prática, a inflação diminui em 12%, e os salários aumentam 20%. O crescimento interno do país passa de 3% pra 6%. O pacto também vislumbra uma forma de pagar a dívida externa argentina, de mais de 8 bilhões de dólares, em 4 anos.
1974
A melhora na situação econômica encoraja Juan (78) a intervir na política interna, nacionalizando bancos e indústrias, subsidiando empresários argentinos e regulamentando os impostos agrícolas, além de criar vários programas pro bem estar social.
Em 1 de maio, já sofrendo um estágio avançado do câncer na próstata, Juan passa a ser substituído por Maria Estela nos eventos oficiais.
Em 16 de junho, durante uma visita oficial ao Paraguai, onde é recebido pelo Presidente Alfredo Stroessner (62), Juan recusa usar um guarda-chuva durante a revista da tropa.
Ao retornar à Argentina, ele cai de cama com pneumonia.
No dia 28, ele sofre um infarto.
Isabel (43), que está em uma viagem comercial pela Europa, retorna prontamente à Argentina.
Em 1 de julho, Juan sofre outro infarto e morre.
Maria Estela traz o corpo de Evita de volta à Argentina pra ser exposto no funeral ao lado do de Juan.
Depois do funeral, o corpo de Evita é sepultado no mausoléu da família Duarte no cemitério de La Recoleta. Já o corpo de Juan é sepultado no mausoléu da família Perón, no cemitério de La Chacarita, do outro lado da cidade.
No dia 29, Maria Estela se torna a primeira mulher a assumir a Presidência de um país no mundo ocidental: em 1966, Indira Ghandi (57) se tornou Primeira Ministra da Índia; e em 1970, Golda Meir (76) se tornou Primeira Ministra de Israel.
Apesar de Isabel não possuir o carisma de Evita, a população se solidariza com a viúva sofredora. Até os grupos de oposição oferecem apoio a ela.
Incapaz de administrar os problemas políticos e econômicos do país, dividido entre as guerrilhas da esquerda e as reações violentas da direita, Isabel dá início a uma série de perseguições aos opositores. Todas as reuniões com os partidos políticos são canceladas e a boa vontade demonstrada após a morte de Perón desaparece. Todos os opositores são retirados dos cargos do governo e demitido das universidades.
Em setembro, o país está mergulhado em uma sucessão de assassinatos políticos e uma onda de greves, tornando Isabel ainda mais impopular. Vetando todas as decisões políticas, internas e externas, Isabel se torna uma espécie de Primeira Ministra, fazendo com que não só o povo, mas também a Igreja Católica se volte contra ela.
A censura imposta por Isabel fecha dezenas de editoras e jornais e exila atores e apresentadores importantes da televisão.
1975
Em fevereiro, tem início a Operação Independência, a resistência argentina, iniciando um período de ataques a militares, juízes e até professores universitários.
Pela primeira vez, a Conferência Geral dos Trabalhadores se volta contra um governo peronista.
Em 6 de outubro, Isabel (44) assina um decreto concedendo imunidade às Forças Armadas pra "aniquilarem os subversivos".
No dia 17, o Dia da Lealdade, Isabel aparece na sacada da Casa Rosada totalmente apoiada pelos militares.
Em 6 de novembro, Isabel decreta estado de sítio: decretado em situações de emergência nacional, com grave ameaça à ordem constitucional e democrática. Caracteriza-se pela suspensão dos direitos civis e das garantias constitucionais, proporcionando as tomadas de decisão necessárias por parte do Presidente, que pode tomar atitudes que limitem a liberdade dos cidadãos: obrigação de residência em determinada localidade, busca e apreensão em domicílio sem a necessidade de um mandado, suspensão das reuniões de sindicatos e associações e censura de correspondência.
Enquanto isso, a preocupação do cidadão comum é com a inflação de 180% ao ano. A queda nos investimentos levou o país à recessão e o crescimento do país foi de 1,5% este ano. A recessão diminuiu a arrecadação dos impostos e as exportações continuaram a cair, deixando um déficit recorde de 1 bilhão de dólares. O orçamento do governo teve um gasto adicional de 2 bilhões e meio de dólares. Pra piorar, o protesto de vários setores do comércio e da agricultura contribuíram ainda mais pro aumento dos preços, fazendo com que alguns se acumulassem nas lojas e gerando escassez em outros, já que as pessoas compravam em grandes quantidades pra não terem que pagar mais caro depois.
1976
Em 15 de março, uma bomba no quartel-general do Exército mata 29 militares.
No dia 22, a imprensa denuncia que Isabel (45) vem desviando verbas públicas pra conta pessoal dela na Espanha. Por causa disso, ela perde o apoio do Congresso, que, com total apoio do Partido Peronista, abre um processo de impeachment (cassação do mandato).
Na madrugada do dia 24, Isabel embarca em um helicóptero no teto da Casa Rosada. Mas, o que ela pensa ser uma fuga, na verdade é uma prisão: em vez de ir pra Quinta de Olivos, ela é levada pra uma base da Aeronáutica, onde é oficialmente declarada depoista pelo general Jorge Videla (51) e presa.
Mais de 500 pessoas foram mortas por motivos políticos durante o governo dela e 600 permanecem desaparecidas.
Após a prisão dos aliados políticos dela, Isabel é mantida em prisão domiciliar na casa dela na cidade de Neuquén, no sul do país.
Sem patrocínio pra montar a peça, Andrew Lloyd Webber (28) lança um disco com as músicas sobre Evita.
Em outubro, a música "Don't cry for me, Argentina" alcança o primeiro lugar nas paradas britânicas.
Em 13 de junho, morre o ex-Presidente José Guido (65).
1978
Andrew Lloyd Webber (30) usa o dinheiro da vendagem dos discos pra montar o musical "Evita", que estreia em 21 de junho.
1979
A peça "Evita" estreia na Broadway.
1980
Em 21 de outubro, morre o ex-Presidente Edelmiro Farrell (93), o responsável por levar Perón pro mundo da política.
Em 18 de dezembro, morre o ex-Presidente Hector Cámpora (71).
1981
Em 23 de fevereiro, estreia no canal CBS a minissérie em 2 episódios "Evita Perón", com Faye Dunaway (40) no papel de Evita, e James Farentino (43) como Juan Perón.
Em 29 de março, o Presidente Jorge Videla (56) renuncia ao cargo em favor do general Roberto Viola (57).
Depois de 5 anos em prisão domiciliar, Isabel (50) é exilada pelo Presidente Viola e volta a morar na casa dela na Espanha.
Em 11 de dezembro, o Presidente Viola é deposto por um golpe militar liderado pelo almirante Carlos Lacoste (52).
No dia 21, o Presidente Lacoste renuncia ao cargo em favor do general Leopoldo Galtieri (55).
1982
Em 18 de junho, devido à derrota na Guerra das Malvinas, o Presidente Leopoldo Galtieri (56) é deposto por um golpe militar liderado pelo general Alfredo Saint Jean (56).
Em 1 de julho, o Presidente Galtieri renuncia ao cargo em favor do general Reynaldo Bignone (54).
1983
Em 18 de janeiro, morre o ex-Presidente Arturo Illia (83).
Em 10 de dezembro, o civil Raul Alfonsin (56) substitui o Presidente Reynaldo Bignone (55) na Presidência.
1984
Em janeiro, Presidente Alfonsin (57) perdoa Isabel (52) de todas as acusações de corrupção durante o governo dela.
Em maio, Isabel retorna à Argentina pra participar de uma série de reuniões entre o governo e os partidos de oposição. Apesar de oficialmente ainda ser a presidente do Partido Peronista, ela mantém um papel reservado nos debates, apoiando apenas a colaboração da Confederação Geral dos Trabalhadores ao governo de Menem.
Uma semana depois, é assinado um acordo de paz entre o governo e os trabalhadores.
Antes de retornar à Espanha, Isabel renuncia ao cargo de presidente do partido.
1985
Isabel (54) sai do Partido Peronista, apesar de ainda ser popular dentro dele. Há inclusive uma facção que planeja a candidatura dela à Presidência, mas ela recusa.
1987
Em 10 de junho, a sepultura de Perón é profanada, as mãos dele são cortadas e os objetos pessoas, como a espada, são roubados. Um pedido de resgate de 8 milhões de dólares é enviado ao Partido Peronista. O resgate não é pago, e até hoje o crime permanece sem solução. Esse episódio fica conhecido como a Segunda Morte de Perón: acredita-se que quando o túmulo é profanado, a alma desperta do descanso eterno e passa a penar na inquietação.
Em 2 de setembro, morre o ex-Presidente Alfredo Saint Jean (61).
1989
Em 8 de julho, Carlos Menem (59) substitui o Presidente Raul Alfonsin (62) na Presidência.
1991
Após a morte de Nélida Rivas (51), a filha dela, Martha Holgado (36), declara ser filha de Perón e passa a lutar pra fazer um teste de DNA.
1994
Em 30 de setembro, morre o ex-Presidente Roberto Viola (70).
1995
Em 18 de abril, morre o ex-Presidente Arturo Frondizi (87).
Em 8 de junho, morre o ex-Presidente Juan Onganía (81).
1996
Em fevereiro, o diretor inglês Alan Parker (52) começa as gravações do filme "Evita", com Madonna (38), Jonathan Pryce (49) como Juan Perón, e Antonio Banderas (36) como Che, o narrador da estória.
Durante os 17 anos em que Andrew Lloyd Webber (48) tentou transformar a peça dele em filme, o papel de Evita foi oferecido a várias atrizes de Hollywood: Faye Dunaway (55), Barbra Streisand (54), Liza Minnelli (50), Cher (50), Glenn Close (49), Olivia Newton-John (48), Meryl Streep (47), e por último à Michelle Pfeiffer (38); mas todas recusaram. Madonna recebeu 1 milhão de dólares pelo filme.
Ao saber que Madonna tinha sido escolhida, a atriz Patti LuPone (47), que faria o papel da mãe de Evita, pediu demissão e foi substituída por Victoria Sus, o primeiro e único filme dessa atriz de teatro.
Durante as 5 semanas de filmagens na Argentina, a equipe enfrentou vários protestos. O povo argentino acha que uma mulher como Madonna vai manchar a imagem de Evita. Madonna vai pessoalmente pedir ao Presidente Carlos Menem (66) que libere as gravações na Casa Rosada.
Durante as gravações, Madonna descobre que está grávida. Em maio, nas cenas gravadas na Hungria, dá pra ver a barriga dos 5 meses de gravidez.
Em 26 de agosto, morre o ex-Presidente Alejandro Lanusse (78).
Em 14 de outubro, nasce Lourdes Maria, filha de Madonna.
No dia 24, estreia o filme "A verdadeira história de Eva Perón", com Esther Goris (33) no papel de Evita, e Victor Laplace (53) como Juan Perón. O filme é uma resposta dos argentinos à escolha de Madonna.
Em 25 de dezembro, estreia o filme "Evita", que rende mais de 140 milhões de dólares.
O filme garante à Madonna um registro no Livro Guinness dos Recordes: maior troca de roupas em uma filme. O recorde anterior era de Elizabeth Taylor (64), que no filme "Cleópatra", em 1963, usou 65 figurinos. Em "Evita", Madonna usou 85 vestidos, 39 chapéus, 45 pares de sapatos e 56 pares de brincos.
1997
Em fevereiro, Madonna (39) ganha o Globo de Ouro de Melhor Atriz. "Evita" ganha como Melhor Musical, e a música "You must love me" ganha como Melhor Canção.
Em março, a música "You must love me" ganha o Oscar de Melhor Canção Original.
1999
Em 10 de dezembro, Fernando de la Rua (62) substitui Carlos Menem (69) na Presidência.
2000
Em 12 de dezembro, dia de Nossa Senhora de Guadalupe, a padroeira da América Latina, morre Libertad Lamarque (92), após permanecer 10 dias internada na Cidade do México. Ela estava no ar na novela "Carinha de Anjo", onde interpretava a Madre Superiora Piedade.
2001
Em 21 de dezembro, em meio a uma grave crise econômica, o Presidente Fernando de la Rua (64) renuncia ao cargo.
No dia 23, Adolfo Rodriguez (54), governador de San Luís, é eleito de forma indireta pelo Congresso e assume a Presidência.
No dia 30, alegando falta de apoio do Partido Peronista, o Presidente Rodriguez renuncia ao cargo.
2002
Em 2 de janeiro, Eduardo Duhalde (61), governador de Buenos Aires e segundo colocado na eleição indireta, assume a Presidência.
Em 26 de julho, no aniversário de 50 anos da morte de Evita, Cristina Alvarez, sobrinha-neta dela, inaugura o Museu Evita, com as roupas, retratos e registros sobre a vida dela, no prédio onde funcionava a Fundação Eva de Perón.
2003
Em 12 de janeiro, morre o ex-Presidente Leopoldo Galtieri (77).
Em 25 de maio, Nestor Kirchner (53) substitui Eduardo Duhalde (62) na Presidência.
2004
Em 24 de junho, morre o ex-Presidente Carlos Lacoste (75).
2006
O musical "Evita" volta a ser encenado na Inglaterra.
Em 17 de outubro, o corpo de Perón é transferido pra um mausoléu construído no quintal da residência de verão dele, no bairro de São Vicente. Essa transferência permite à Martha Holgado (51) finalmente realizar o teste de DNA, depois de 15 anos.
Em novembro, o resultado do DNA determina que Martha não é filha de Perón. Mas ela alega que o resultado foi forjado pelo Partido Peronista e declara que vai continuar lutando pra ter os direitos dela reconhecidos.
Um juiz da cidade de Mendoza convoca Isabel (75) e os Ministros sobreviventes do governo dela pra testemunhar no processo que investiga os desaparecimentos políticos entre 1974 e 1976.
2007
Em 12 de janeiro, Isabel é presa ao sair de casa.
Em 28 de março, a Justiça espanhola nega o pedido de extradição de Isabel (76) e ela é liberada. No veredito, a Suprema Corte decidiu que as acusações contra ela não constituem crimes contra a Humanidade e prescreveram em 1996. Portanto, mantê-la presa seria uma violação dos direitos civis dela. Por conta disso, Isabel é liberada e volta pra casa.
Em 7 de junho, morre Martha Holgado (52), em consequência de um câncer no fígado.
Em 10 de dezembro, Cristina de Kirchner (54), se torna a primeira mulher a ser eleita Presidente da Argentina, substituindo o marido, Nestor Kirchner (57).
No discurso de posse, Cristina declara que as mulheres da geração dela, que enfrentaram a ditadura militar, têm uma dívida com Evita pelo exemplo de garra e combatividade dela.
Em toda a América Latina, nenhuma outra mulher conquistou tanta emoção, devoção e fé quanto Evita, comparada apenas à Nossa Senhora de Guadalupe. Na Argentina, as imagens das duas são reverenciadas lado a lado. No imaginário popular, Evita encarna as duas facetas: Maria Madalena e Maria de Nazaré. Evita é o equivalente feminino de Che Guevara (1928-1967), permanecendo no idealismo dos jovens latino-americanos como um símbolo de crenças que conseguem produzir algo concreto, a esperança de um mundo melhor, uma vida de humilhações sacrificada no altar da abnegação. Os dois são considerados os grandes mártires da América Latina. Com ideias feministas, liderança revolucionária e influência espiritual, Evita conseguiu ultrapassar os limites estabelecidos pela sociedade autoritária da época, e todos aqueles que se identificam com ela também buscar escapar do controle das regras impostas pelas classes dominantes.
Pra maioria dos historiadores, entretanto, Evita é a mulher mais esperta da América Latina, por saber o usar o carisma popular pra ascender na vida pública ("a maior alpinista social desde Cinderela"). Mas o fato é que Evita não era fascista. Ao contrário, ela era considerada ignorante nos assuntos da política. E também não era ambiciosa. Todas as jóias e os vestidos da grife Dior foram comprados com o dinheiro dela, e não com dinheiro roubado do governo, como as outras mulheres dos políticos.
Ela foi o primeiro ícone popular a fazer carreira na política, uma prática comum hoje em dia. A oposição a acusava de ter transformado o governo em um show business, por ela ser o clichê mais usado nos filmes de Hollywood: a moça pobre que venceu na vida. Atualmente, o culto à celebridade dos políticos se tornou corriqueiro.
Como o título de Líder Espiritual da Nação nunca foi cassado pelos sucessivos governos militares, nem dado a outra pessoa pelos Presidentes eleitos, Eva de Perón continua sendo a protetora espiritual do povo argentino, sendo chamada de Santa Evita. Apesar de não ser feriado oficial, o dia da morte dela, 26 de julho, é comemorado todos os anos.
2010
Em 27 de outubro, morre o ex-Presidente Nestor Kirchner (60).
2011
Em 15 de setembro, estreia o filme argentino "Juan e Eva", com Julieta Diaz (34).
2012
Em 12 de março, o musical "Evita" volta a ser encenado na Broadway.
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